domingo, 14 de outubro de 2012


CAPÍTULO 4


Estou inquieta. Christian está há mais de uma hora enfurnado em seu
escritório. Eu tentei ler, assistir TV, tomar sol –
com todas as partes do biquíni –
mas não consigo relaxar, e não consigo me livrar deste sentimento de
irritabilidade. Depois vestir um short e uma camisa, eu removo o bracelete
absurdamente caro e vou procurar Taylor.

"Sra. Gray", diz ele, sobressaltado enquanto lia seu livro do Anthony Burgess.
Ele está sentado numa pequena sala do lado de fora do escritório de Christian.

"Eu gostaria de sair para fazer compras."

"Sim, senhora." Ele se levanta.

"Eu gostaria de ir no Jet Ski".

Sua boca se abre. "Erm". Ele franze a testa, sem palavras.

"Eu não quero incomodar Christian com isso." Ele reprime um suspiro. "Sra.
Grey... hum... Eu não acho que o Sr. Grey ficaria muito confortável com isso, e
eu gostaria de manter meu emprego." Oh, pelo amor de Deus! Eu quero virar
meus olhos para ele, mas eu os estreito em vez disso, suspirando
pesadamente, expressando, eu acho, uma certa indignada frustração por não
ser dona do meu próprio destino. De novo, não quero Christian bravo com
Taylor –
ou comigo também. Caminhando confiante por ele, bato na porta do
escritório e entro.

Christian está no seu BlackBerry, encostado na escrivaninha de mogno. Ele
olha para cima. "Andrea, espere por favor", ele resmunga no telefone, sua
expressão séria. Me olha esperando educadamente. Merda. Por que me sinto
como se tivesse entrado no escritório do diretor da faculdade? Este homem me
algemou ontem. Recuso-me ser intimidada por ele, ele é meu marido, caramba.
Eu endireito meus ombros e dou-lhe um largo sorriso.

"Vou fazer compras. Vou levar comigo a segurança."

"Tudo bem, leve um dos gêmeos com você e Taylor, também", diz ele, e eu sei
que o quê está acontecendo é grave, porque ele não me questiona mais. Fico
ali olhando para ele, me perguntando se posso ajudar.

"Mais alguma coisa?", Pergunta ele. Ele quer que eu vá embora. Merda.

"Você quer que eu te traga alguma coisa?" Eu pergunto. Ele me dá seu doce
sorriso tímido.

"Não, bebê, eu estou bem", diz ele. "A equipe vai cuidar de mim."



"Ok." Quero beijá-lo. Diabos, eu posso –
ele é meu marido. Andando
decididamente em frente, eu dou um beijo em seus lábios, surpreendendo-o.


"Andrea, te ligo de volta", resmunga. Ele coloca o BlackBerry sobre a
mesa atrás dele, puxa-me nos seus braços e me beija apaixonadamente. Estou
sem fôlego quando ele me libera. Seus olhos estão escuros e necessitados.


"Você está me distraindo. Eu preciso resolver isso, e então posso voltar para
minha lua de mel." Ele corre o dedo indicador pelo meu rosto e acaricia meu
queixo, inclinando meu rosto.


"Ok. Desculpe."
"Por favor, não se desculpe, Sra. Grey. Adoro suas distrações." Ele beija o
canto da minha boca.


"Vá gastar algum dinheiro." Ele me solta.


"Farei isso." Eu sorrio para ele enquanto saio do seu escritório. Meu
subconsciente sacode a cabeça e aperta seus lábios. Você não lhe disse que
você estava indo no Jet Ski, me repreende cantarolando. Eu o ignoro...
Agourento.


Taylor está esperando pacientemente.


"Está tudo esclarecido com o alto comando... podemos ir?" Eu sorrio, tentando
manter o sarcasmo da minha voz. Taylor não esconde seu sorriso de
admiração.


"Sra. Grey, depois de você."


Taylor pacientemente me explica sobre os controles do Jet Ski e como dirigi-lo.
Ele tem uma autoridade calma e gentil, ele é um bom professor. Estamos na
lancha, balançando e conversando nas águas calmas do porto próximo ao Fair
Lady. Gaston nos olha, sua expressão impassível, e um dos tripulantes do Fair
Lady fica no controle da lancha. Eita –
três pessoas comigo, só porque eu
quero ir às compras. É ridículo.


Fechando o zíper do meu salva-vidas, eu dou um sorriso radiante à Taylor. Ele
estende a mão para me ajudar enquanto subo no Jet Ski.


"Enrole a correia da chave de ignição em torno de seu pulso, Sra. Grey. Se
você cair, o motor desligará automaticamente", explica ele.


"Ok".


"Pronta?"


Concordo com entusiasmo.




"Pressione o botão de ignição quando estiver afastada cerca de quatro metros
de distância do barco. Vamos segui-la."

"Ok".

Ele empurra o Jet Ski para longe da lancha, que flutua suavemente em direção
ao porto principal. Quando ele me dá o sinal de ok, eu pressiono o botão de
ignição e o motor ruge para a vida.

"Ok, Sra. Grey, foi fácil!" Taylor grita. Eu aperto o acelerador. O Jet Ski
vai para frente, em seguida morre. Droga! Como o Christian faz parecer tão
fácil? Tento de novo, e mais uma vez, está parado. Duas vezes merda!

"Apenas se concentre, Sra. Grey," Taylor grita.

"Sim, sim, sim," Eu murmuro enquanto respiro. Tento mais uma vez, muito
gentilmente aperto a alavanca, e o Jet Ski vai para frente, mas desta vez sem
desligar. Sim! Vai para frente um pouco mais. Ha ha! Está se movendo! Eu
quero gritar e berrar de excitação, mas eu me seguro. Eu cruzo suavemente
para longe do iate em direção ao porto principal.

Atrás de mim, eu ouço o rugido gutural do motor da lancha. Quando aperto o
acelerador, o Jet Ski salta para frente, patinando através da água. Com o vento
quente no meu cabelo e uma brisa do mar em ambos os lados, eu me sinto
livre. É o máximo! Nunca que Christian me deixaria dirigir.

Ao invés de ir direto para a costa e acabar com a diversão, eu viro e faço uma
volta em torno da majestosa Fair Lady. Uau –
isso é muito divertido. Ignoro
Taylor e a equipe atrás de mim e acelero em volta do iate uma segunda vez.
Enquanto eu completo a volta, vejo Christian no convés. Acho que ele está
chocado, mas não tenho certeza. Corajosamente, eu levanto uma mão do
guidão e aceno com entusiasmo para ele.

Ele parece feito de pedra, mas, finalmente, ele levanta a mão no que parece
ser um rígido aceno. Eu não consigo ler sua expressão, e algo me diz que não
devo, então eu vou para a marina, acelerando através da água azul do
Mediterrâneo, que brilha no sol da tarde.

No cais, eu aguardo e deixo Taylor encostar à minha frente. Sua expressão é
triste, e meu coração se afunda, embora Gaston parece vagamente divertido.
Pergunto-me brevemente se aconteceu alguma coisa que possa esfriar a
relação entre gauleses e americanos, mas no fundo eu suspeito que o
problema é provavelmente eu. Gaston pula para fora da lancha e a amarra no
atracadouro enquanto Taylor me orienta para parar ao lado. Muito
delicadamente eu conduzo o Jet Ski para próximo do barco, alinhando-o ao seu
lado. Sua expressão suaviza um pouco.

"Basta desligar a ignição, Sra. Grey," ele diz calmamente, alcançando o guidão
e estendendo a mão para me ajudar a entrar na lancha. Eu agilmente subo a
bordo, impressionada por não cair.



"Sra. Grey," Taylor pisca nervosamente, seu rosto vermelho mais uma vez. "Sr.
Grey não está totalmente confortável com você andando no Jet Ski." Ele
praticamente se contorce de vergonha, e eu percebo que ele recebeu uma
bronca de Christian.

Oh, meu pobre e patologicamente superprotetor marido, o que vou fazer com
você?

Eu sorrio serenamente para Taylor. "Entendo. Bem, Taylor, o Sr. Grey não está
aqui, e se ele não está totalmente confortável, eu tenho certeza que ele vai
fazer a gentileza de me dizer ele mesmo quando eu voltar a bordo."

Taylor estremece. "Muito bem, Sra. Grey," ele diz calmamente, entregando-me
minha bolsa.

Enquanto saio do barco, eu recebo um vislumbre de seu sorriso relutante, e
isso me faz querer sorrir também. É impressionante o quanto gosto de Taylor,
mas eu realmente não gosto de ser repreendida por ele, ele não é meu pai ou
meu marido.

Droga, Christian está bravo –
e ele tem o suficiente para se preocupar no
momento.

O que eu estava pensando? Enquanto estou aguardando Taylor, eu sinto o
meu BlackBerry vibrar na minha bolsa e o apanho. O toque que escolhi para
Christian é "Your Love is King" da Sade –
esse toque é apenas para ele.

"Oi", murmuro.
"Oi", diz ele.
"Vou voltar para o barco. Não fique bravo"
Eu ouço seu pequeno suspiro de surpresa. "Hum..."
"Foi divertido, no entanto" eu sussurro.
Ele suspira. "Bem, longe de mim acabar com sua diversão, Sra. Grey. Tenha


cuidado. Por favor."
Oh, Senhor! Permissão para me divertir! "Irei. Você quer alguma coisa da


cidade?”


"Só você, de volta inteira."
"Farei o meu melhor, prometo, Sr. Grey."
"Fico feliz em ouvir isso, Sra. Grey."




"Nosso objetivo é agradar", eu respondo com uma risadinha.
Eu ouço o sorriso em sua voz. "Tenho outra ligação –
até mais tarde, bebê."
"Até mais, Christian."
Ele desliga o telefone. A briga por causa do Jet Ski está encerrada, acho. O


carro está esperando, e Taylor segura a porta aberta para mim. Eu pisco para
ele enquanto subo, e ele balança a cabeça em divertimento.
No carro, eu envio correndo um e-mail no meu BlackBerry.


De: Anastasia Grey
Assunto: Obrigado
Data: 17 agosto, 2011 16:55
Para: Christian Grey
Por não ter sido muito ranzinza.
Sua esposa amorosa
Xxx

De: Christian Grey
Assunto: Tentando manter a calma
Data: 17 agosto, 2011 16:59
Para: Anastasia Grey
De nada.
Volte inteira.
Não é um pedido.


Christian Grey
CEO & marido superproteto, Grey Enterprises Holdings Inc.




Sua resposta me faz sorrir. Meu maníaco por controle.

Por que eu quis ir às compras? Eu odeio fazer compras. Mas no fundo eu sei o
porquê, e eu caminho determinadamente passando pela Chanel, Gucci, Dior, e
as outras butiques de designer e, eventualmente, encontro o antídoto para o
que me aflige em uma pequena e abarrotada loja turística. É uma tornozeleira
de prata com pequeninos corações e sininhos. Faz um barulhinho fofo e custa
cinco euros. Assim que compro, eu a coloco. Esta sou –
e é disso que eu
gosto. Imediatamente eu me sinto mais confortável. Eu não quero perder o
contato com a menina dentro de mim que gosta disso, nunca. No fundo eu sei
que não estou me sentindo oprimida apenas por Christian, mas também por
sua riqueza. Será que eu vou me acostumar?

Taylor e Gaston me seguem respeitosamente através da multidão do final da
tarde, e eu logo me esqueço deles. Eu quero comprar algo para Christian, algo
para desvirar seu pensamento do que está acontecendo em Seattle. Mas o que
posso comprar para um homem que já tem tudo? Paro em uma pequena e
moderna praça, cercada por lojas e olho para cada uma delas. Quando vejo
uma loja de eletrônicos, nossa visita mais cedo à galeria e nossa visita ao
Louvre, me veem a mente. Nós estávamos olhando para a Vênus de Milo... As
palavras de Christian ecoam na minha cabeça, "Todos nós podemos apreciar a
forma feminina. Gostamos de olhar ainda que em mármore, pintura à óleo,
cetim ou filme." Isso me dá uma ideia, uma ideia ousada. Só preciso de ajuda
para escolher a certa, e só há uma pessoa que pode me ajudar. Eu arranco
meu BlackBerry da minha bolsa e ligo para José.

"Quem...?", Ele murmura sonolento.

"José, é Ana".

"Ana, oi! Onde você está? Você está bem?" Ele parece mais alerta agora,
preocupado.

"Estou em Cannes, no sul da França, e eu estou bem."

"Sul da França, hein? Você está em algum hotel de luxo?"

"Hum... não. Estamos ficando em um barco."

"Um barco?"

"Um barco grande." Eu esclareço, suspirando.

"Entendo". Sua voz fica fria... Merda, eu não deveria ter ligado para ele. Não
preciso disso agora.

"José, preciso de seu conselho."



"Meu conselho?" Ele parece atordoado. "Claro", diz ele, e agora ele está muito


mais amigável. Digo-lhe meu plano.
Duas horas mais tarde, Taylor me ajuda a subir nos degraus da lancha,
subindo para o convés. Gaston está ajudando o marinheiro com o Jet Ski.
Christian não está em nenhum lugar, e eu corro até nossa cabine para
embrulhar seu presente, com uma sensação infantil de prazer.


"Você demorou." Christian surpreende-me enquanto estou colocando o último
pedaço de fita. Viro-me para encontrá-lo em pé na porta de entrada da cabine,
me observando atentamente. Puta merda! Eu ainda estou com problemas
sobre o Jet Ski? Ou é algo sobre o incêndio em seu escritório?


"Tudo sob controle em seu escritório?" Pergunto exitantemente.
"Mais ou menos", diz ele, com um aborrecido semblante fechado.
"Fiz algumas compras", murmuro, na esperança de aliviar seu humor, e


rezando para que seu aborrecimento não seja dirigido a mim. Ele sorri
calorosamente, e vejo que está tudo bem entre a gente.
"O que você comprou?"


"Isso", eu coloco meu pé em cima da cama e lhe mostro a minha tornozeleira.
"Muito bonito", diz ele. Aproxima-se de mim e acaricia os pequenos sinos para
que eles balancem docemente em volta do meu tornozelo. Ele franze a testa de
novo e passa os dedos levemente ao longo da marca, formigando minha perna.


"E este." Seguro a caixa, esperando distraí-lo.
"Para mim?", Pergunta ele, surpreso. Concordo com a cabeça timidamente. Ele


pega a caixa e a sacode suavemente. Ele dá seu deslumbrante sorriso de
menino e se senta ao meu lado na cama.
Inclinando-se, ele agarra meu queixo e me beija.
"Obrigado", diz ele com um prazer tímido.
"Você não abriu ainda."
"Vou adorar, não importa o que seja." Ele olha para mim, seus olhos brilhando.


"Eu não ganho muitos presentes."
"É difícil te comprar coisas. Você tem tudo."
"Eu tenho você."
"Verdade." Eu sorrio para ele. Oh, como você me tem, Christian.




Ele desembrulha facilmente. "A Nikon?" Ele olha para mim, intrigado.

"Eu sei que você tem uma câmera digital compacta, mas isso é para... hum...
retratos e coisas do tipo. Vem com duas lentes."

Ele pisca para mim, ainda sem entender.

"Hoje, na galeria você gostou das fotos de Florença D'elle. Me lembrei do que
você disse no Louvre. E, claro, havia aquelas outras fotografias." Eu engulo,
tentando fazer de tudo para não recordar as fotos que encontrei em seu
armário.

Ele para de respirar, arregalando os olhos enquanto compreende, e eu
continuo às pressas antes que eu perca a coragem.

"Eu achei que você gostaria, hum... de tirar fotos... de mim."

"Fotos. De você?" Ele me olha surpreso, ignorando a caixa em seu colo.

Concordo com a cabeça, tentando desesperadamente avaliar sua reação.
Finalmente, ele olha de volta para a caixa, deslizando os dedos sobre a
imagem da câmera na frente da caixa com fascinada reverência.

O que ele está pensando? Ah, essa não é a reação que eu estava esperando,
e meu subconsciente me olha como se eu fosse um domesticado animal de
fazenda. Christian nunca reage da maneira que espero. Ele olha para cima,
seus olhos se enchem com o que, dor?

"Por que você acha que eu quero isso?", Pergunta ele, confuso.

Não, não, não! Você disse que iria gostar...

"Não gostou?" Eu pergunto, recusando-me a admitir para o meu subconsciente
que está questionando por que alguém iria querer fotografias eróticas de mim.
Christian engole e passa a mão pelos cabelos, e ele parece tão perdido, tão
confuso. Ele respira profundamente.

"Para mim, aquelas fotos são geralmente uma apólice de seguro, Ana. Eu sei
que vinha tratando as mulheres como objeto", ele diz e faz uma pausa
desajeitada.

"E você acha que tirar fotos de mim é... hum, me tratar como objeto?" Todo ar
sai do meu corpo, e o sangue escorre de meu rosto.

Ele revira os olhos. "Estou tão confuso", ele sussurra. Quando ele abre os
olhos novamente, estão largos e desconfiados, cheio de alguma emoção crua.

Merda. É alguma coisa comigo? Minhas perguntas mais cedo sobre sua mãe
biológica? O incêndio no seu escritório?



"Por que você diz isso?" Eu sussurro, o pânico crescente em minha garganta.
Pensei que ele estava feliz. Pensei que estávamos felizes. Pensei que eu o
fazia feliz. Eu não quero confundi-lo. Quero? Minha cabeça dispara. Ele não
tem visto Flynn há quase três semanas. É isso? Será que é isso o que ele não
está conseguindo me dizer? Merda, eu deveria telefonar para o Flynn? E em
um possível e único momento de profundo e límpido esclarecimento, me vem à
cabeça –
o incêndio, Charlie Tango, o Jet Ski... Ele está com medo, está com
medo por mim, e vendo essas marcas na minha pele ele deve estar se
lembrando de como as coisas eram. Ele tem se exasperado sobre isso durante

o dia todo, sentindo-se confuso, porque ele não está acostumado a se sentir
desconfortável sobre infligir dor. Esses pensamentos me esfriaram.
Ele encolhe os ombros e mais uma vez seus olhos se movem para baixo para

o meu pulso, onde a pulseira que comprei esta tarde deveria estar. Bingo!
"Christian, não me incomodam." Seguro meu pulso, revelando uma linha se
apagando.

"Nós tínhamos uma palavra de segurança. Merda –
ontem, foi divertido. Eu
gostei. Pare de ficar pensando sobre isso –
eu gosto de sexo violento, já te
disse isso antes." Eu fico muito vermelha enquanto tento suprimir meu pânico
crescente.

Ele olha para mim atentamente, e não sei o que ele está pensando. Talvez
esteja medindo minhas palavras. Eu continuo.

"É sobre o incêndio? Você acha que tem alguma ligação com Charlie
Tango? É por isso que você está preocupado? Fale comigo, Christian –
por
favor." Ele olha para mim, sem dizer nada e o silêncio cresce entre nós
novamente, assim como esta tarde. Puta merda, porra! Ele não vai falar
comigo, eu sei."Não pense demais, Christian", eu ralho silenciosamente, e as palavras ecoam,
relembrando um passado recente –
suas palavras para mim sobre aquele
contrato idiota. Eu chego mais perto, pego a caixa de seu colo, e a abro. Ele
me observa passivamente como se eu fosse uma fascinante criatura
alienígena. Sabendo que a câmera foi arrumada pelo muito útil vendedor da
loja, e pronta para funcionar, eu a tiro da caixa e retiro a tampa da lente. Eu
aponto a câmera para ele, para seu belo rosto ansioso que preenche a
moldura.

Eu aperto o botão e o mantendo pressionado, e dez imagens da
expressão alarmada de Christian são digitalmente capturadas para a
posteridade.

"Eu vou te tratar como objeto, então," murmuro, pressionando o botão do
obturador novamente. No final seus lábios se contraem quase
imperceptivelmente. Eu pressiono novamente, e desta vez ele sorri...



um pequeno sorriso, mas um sorriso pelo menos. Eu mantenho pressionado o
botão mais uma vez e o vejo fisicamente relaxar na minha frente e fazer uma
careta –
uma completa, forçada, ridícula, careta afetada, e isso me faz rir. Oh,
graças a Deus. O Sr. Inconstante está de volta e eu nunca fiquei tão contente
em vê-lo.

"Pensei que esse presente era meu", ele resmunga amuado, mas acho que ele
está me provocando.

"Bem, supostamente era para ser divertido, mas aparentemente é um símbolo
da opressão das mulheres." Eu começo a apertar, tirando mais fotos dele, e
vejo o divertimento crescer em seu rosto, que preenche toda a tela da câmera.
Então seus olhos escurecem, sua expressão mudando para predatória.

"Você quer se sentir oprimida?", Ele murmura com voz sedosa.

"Não quero. Não," murmuro de volta, tirando mais fotos.

"Eu poderia te fazer sentir bastante oprimida, Sra. Grey," ele ameaça, sua voz
rouca.

"Eu sei que você pode, Sr. Grey. E você o faz, frequentemente." Ele abaixa seu
rosto. Merda. Eu abaixo a câmera e olho para ele.

"Qual o problema, Christian?" Minha voz exala frustração. Diga-me!

Ele não diz nada. Deus! Ele é tão irritante. Eu levanto a câmera para o meu
olho de novo.

"Diga-me," Eu insisto.

"Nada", diz ele e de repente desaparece do visor. Em um movimento rápido e
suave, ele joga longe a caixa da câmera no chão da cabine, me agarra e me
empurra para a cama.

Ele senta sobre mim.

"Ei!" Exclamo e tiro mais fotografias dele, que está sorrindo para mim com
obscura intenção. Ele segura a câmera pela lente, e eu me torno o foco agora,
enquanto ele aponta a Nikon para mim e pressiona o obturador.

"Então, você quer que eu tire fotos de você, Sra. Grey?", Diz ele, divertido.
Tudo que posso ver do seu rosto é o seu cabelo rebelde e um largo sorriso na
boca esculpida.

"Bem, para começar, eu acho que você deveria estar rindo", diz, e ele faz
cócegas impiedosamente abaixo das minhas costelas, fazendo-me soltar um
grito rindo, me contorcendo embaixo dele até eu segurar seu pulso em uma vã



tentativa de fazê-lo parar. Seu sorriso se alarga, e ele me faz mais cócegas
enquanto tira fotos.

"Não! Pare!" Eu grito.

"Tá brincando, né?" Ele rosna e coloca a câmera de lado para que possa me
torturar com as duas mãos.

"Christian", eu engasgo e dou uma risada de protesto. Ele nunca tinha me feito
cócegas antes. Porra –
pare! Eu viro minha cabeça de um lado para o outro,
tentando me mexer debaixo dele, rindo e empurrando ambas as mãos, mas ele
é implacável, sorrindo para mim, adorando meu tormento.

"Christian, pare!" Eu imploro e ele para de repente. Agarrando minhas duas
mãos, ele as segura ao lado da minha cabeça enquanto se aproxima de mim.
Estou ofegante e sem fôlego de tanto rir. Sua respiração como a minha, e ele
olha para mim com... o quê? Meus pulmões param de funcionar. Amor?
Reverência? Maravilhado? Santo Deus. Que olhar!

"Você. É. Tão. Bonita", ele respira.

Olho seu rosto muito, muito querido, banhado pela intensidade do seu olhar, e
é como se ele estivesse me vendo pela primeira vez. Inclinando-se, ele fecha
os olhos e me beija, extasiado. Seu gesto desperta minha libido... vê-lo
assim, desarmado, por minha causa. Oh Deus. Ele libera as mãos e enrola os
dedos ao redor da minha cabeça, pelo meu cabelo, me segurando
delicadamente no lugar, e meu corpo se eleva e se enche de excitação,
respondendo ao seu beijo. E de repente seu beijo muda, não mais doce, de
reverência e admiração, mas carnal, profundo e devorador –
sua língua
invadindo minha boca, tomando -me, seu beijo me possuindo com uma
necessidade desesperada. Enquanto o desejo corre pelo meu sangue,
despertando todos os músculos e tendões em seu rastro, sinto um alarme de
tremor.

Oh, Cinquenta, qual é o problema?

Ele inala fortemente e geme. "Oh, o que você faz comigo", ele murmura,
confuso e descontrolado. Ele se move de repente, deitando em cima de mim,
pressionando-me contra o colchão –
uma mão segurando meu queixo, a outra
tocando de leve meu corpo, meu peito, minha cintura, meu quadril, meu
traseiro. Ele me beija de novo, colocando a perna entre as minhas, empurrando
meu joelho, gemendo em cima de mim, sua ereção lutando contra nossas
roupas e meu sexo. Eu suspiro e gemo contra seus lábios, deixando-me levar
pela sua paixão ardente. Eu ignoro o alarme distante no fundo da minha mente,
sabendo que ele me quer, que ele precisa de mim, e que quando se trata de
nos comunicarmos, essa é a sua forma preferida de se expressar. Eu o beijo
com renovado abandono, correndo os dedos pelos seus cabelos, cerrando
minhas mãos, segurando firme. Seu gosto é tão bom e cheira a Christian, meu
Christian.



De repente, ele para, levanta-se e me puxa para fora da cama para que eu
fique em pé na frente dele, confusa. Ele desfaz o botão do meu short e ajoelha-
se rapidamente, puxando-a junto com a minha calcinha para baixo, e antes que
eu possa respirar de novo, estou de volta na cama embaixo dele e ele a abre o
zíper. Caramba, ele não vai tirar sua roupa ou a minha camisa. Ele segura
minha cabeça e sem qualquer preâmbulo entra dentro de mim, me fazendo
gritar –
mais de surpresa do que outra coisa –
mas eu ainda posso ouvir o
chiado de sua respiração forçada através dos dentes cerrados.

"Issoooo", ele sibila perto da minha orelha. Ele fica parado e, em seguida, gira
os quadris de novo, empurrando mais profundo, fazendo-me gemer.

"Preciso de você", ele rosna, sua voz baixa e rouca. Ele corre os dentes ao
longo da minha mandíbula, mordendo e chupando, e então ele me beija
novamente, com mais força. Eu envolvo minhas pernas e braços em torno dele,
segurando-o com mais força contra mim, decidida a acabar com o que o está
preocupando, e ele começa a se mover... como se ele estivesse tentando
entrar por dentro de mim. Mais e mais, frenético, primitivo, desesperado, e
antes que eu me perca no ritmo insano que ele está impondo, eu de novo me
pergunto brevemente o que está se passando, o que o está preocupando. Mas
meu corpo assume, desviando o pensamento, subindo mais alto, me sentindo
então inundada pela sensação, encontrando-o a cada estocada. Ouvindo sua
respiração pesada, difícil e feroz em meu ouvido. Sabendo que ele está perdido
em mim... Eu gemo alto, ofegante. É tão erótico –
sua necessidade por mim.
Eu estou chegando... chegando lá... e ele está me levando cada vez mais alto,
inundando-me, me possuindo, e é isso que eu quero. Quero isso tanto... para
nós dois.

"Venha comigo", ele suspira, e ele se ergue em cima de mim, então eu tenho
que soltar meu abraço em torno dele.

"Abra os olhos", ele ordena. "Preciso olhar pra você." Sua voz é urgente,
implacável. Meus olhos piscam momentaneamente, e a visão dele sobre mim –
seu rosto tenso, com ardor, seus olhos selvagens e brilhantes. Sua paixão e
seu amor é minha perdição, e eu gozo, jogando minha cabeça para trás
enquanto meu corpo pulsa a sua volta.

"Oh, Ana," ele grita e se junta ao meu orgasmo, movendo-se dentro de mim, e
então ficando imóvel e caindo sobre mim. Ele se vira e eu fico deitada em cima
dele, e ele ainda está dentro de mim. Enquanto me recupero do meu orgasmo
e meu corpo se estabiliza e se acalma, eu quero fazer alguma piada sobre ser
tratada como objeto e ser oprimida, mas seguro minha língua, incerta de seu
humor. Tiro os olhos do peito de Christian para examinar seu rosto. Seus olhos
estão fechados e os braços estão ao meu redor, agarrando-se firmemente. Eu
beijo seu peito através do tecido fino de sua camisa de linho.

"Diga-me, Christian, qual o problema?" Pergunto suavemente e espero
ansiosamente para ver se, agora, saciado pelo sexo, ele vai me dizer. Eu sinto
seus braços em minha volta me apertando ainda mais, mas é a sua única
resposta. Ele não vai falar. E tenho uma ideia.



"Você tem minha promessa solene de ser sua parceira fiel na doença e na
saúde, para ficar ao seu lado nos bons e nos maus momentos, para partilhar a
sua alegria assim como a sua tristeza", murmuro.

Ele congela. Ele apenas se move para abrir os olhos largos e insondáveis e
olha para mim enquanto eu continuo recitando meus votos de casamento.

"Eu prometo te amar incondicionalmente, te apoiar em seus objetivos e sonhos,
te honrar e respeitar, rir e chorar com você, partilhar meus desejos e sonhos
com você, e te dar conforto nos momentos que você precisar." Faço uma
pausa, desejando que ele fale comigo. Ele me olha, seus lábios se separam,
mas não diz nada.

"E estimá-lo enquanto vivermos." Eu suspiro.

"Oh, Ana", sussurra e se mexe de novo, rompendo nosso precioso contato e
então ficamos deitados lado a lado. Ele acaricia meu rosto com as costas de
seus dedos.

"Eu solenemente juro que irei te proteger e zelar preciosamente do fundo do
meu coração por nossa união e por você", ele sussurra, sua voz rouca. "Eu
prometo te amar fielmente, renunciando quem quer que seja, em tempos bons
e nos maus, na doença ou na saúde, independentemente de onde a vida nos
levar. Vou protegê-la, confiar em você, e respeitá-la. Vou compartilhar suas
alegrias e tristezas e consolá-la em momentos de dificuldade. Prometo te amar
e apoiar seus desejos e sonhos e mantê-la à salvo ao meu lado. Tudo o que é
meu agora é seu. Eu te dou minha mão, meu coração e meu amor a partir
deste momento, enquanto vivermos." Lágrimas surgem em meus olhos. Seu
rosto suaviza enquanto ele olha para mim.

"Não chore", ele murmura, seu polegar capturando e enxugando uma lágrima
perdida.

"Por que você não fala comigo? Por favor, Christian." Ele fecha os olhos como
se estivesse sofrendo.

"Eu jurei que iria te confortar em tempos de dificuldades. Por favor, não me
faça quebrar meus votos."

Ele suspira e abre os olhos, sua expressão desolada. "Foi um incêndio
culposo", diz ele, simplesmente, e ele de repente parece, tão jovem e
vulnerável.

Oh Porra.

"E minha maior preocupação é que eles estão atrás de mim. E se eles estão
atrás de mim –" Ele para, incapaz de continuar.

"...Eles podem me pegar ", eu sussurro. Ele fica pálido, e sei que finalmente



descobri o motivo de sua ansiedade. Eu acaricio seu rosto.
"Obrigado", murmuro.
Ele franze a testa. "Pelo quê?"
"Por me contar."
Ele balança a cabeça e a sombra de um sorriso surge em seus lábios. "Você


pode ser muito persuasiva, Sra. Grey."
"Você pode cismar e guardar só para você seus sentimentos e preocupar-se


até a morte. Provavelmente vai morrer de um ataque cardíaco antes de fazer
quarenta, e eu quero você por perto por muito mais tempo do que isso."
"Sra. Grey, você será a minha morte. A visão de você sobre o Jet Ski –
euquase tive um enfarte." Ele se deita de volta na cama e coloca a mão sobre os


olhos, e eu o sinto tremer.
"Christian, é um Jet Ski. Até crianças pilotam Jet Skis. Imagine como você vai
ser quando visitarmos sua casa em Aspen e eu for esquiar pela primeira vez?"


Ele suspira e se vira para mim, e eu quero rir do horror em seu rosto.
"Nossa casa", diz ele em seguida.
Eu o ignoro. "Sou adulta, Christian, e muito mais resistente do que pareço.
Quando você vai entender isso?"
Ele encolhe os ombros e sua boca se aperta. Eu decido mudar de assunto.
"Então, o fogo. A polícia sabe sobre o incêndio?"
"Sim." Sua expressão é grave.
"Certo".
"A segurança vai ficar mais atenta", ele acrescenta.
"Entendo." Eu olho para seu corpo. Ele ainda está vestindo o calção e a blusa,


e eu ainda estou de camisa. Puxa –
isso que é pá, pum, valeu. O pensamento
me faz rir.
"O quê?" Christian pergunta, confuso.
"Você".
"Eu?"




"Sim. Você. Ainda vestido."

"Oh". Ele olha para si mesmo, depois para mim, e seu rosto irrompe em um
enorme sorriso.

"Bem, você sabe como é difícil para mim manter minhas mãos longe de você,
Sra. Grey –
principalmente quando você está rindo como uma colegial." Oh
sim, as cócegas. Jesus! as cócegas. Me movo rapidamente e então me sento
sobre minhas pernas um pouco abertas, mas imediatamente compreendendo a
minha má intenção, ele agarra meus dois pulsos.

"Não", diz e ele está falando sério.

Fico emburrada, mas decido que ele não está pronto para isso.

"Por favor, não", ele sussurra. "Eu poderia não suportar. Nunca me fizeram
cócegas quando criança." Ele faz uma pausa e relaxo minhas mãos para que
ele não tenha que me segurar.

"Eu costumava ver Carrick com Elliot e Mia, fazendo cócegas, e parecia
divertido, mas eu... Eu..."

Eu coloco o meu dedo indicador nos seus lábios.

"Tudo bem, eu sei", murmuro e dou um beijo suave em seus lábios onde
estava o meu dedo, em seguida, enrolo-me em seu peito. A dor familiar arde se
intensificando dentro de mim, e a profunda tristeza por Christian, que guardo
em meu coração, quando ele era um garotinho, se apodera de mim mais uma
vez. Sei que faria qualquer coisa por esse homem porque eu o amo tanto.

Ele coloca os braços em volta de mim e aperta o nariz contra o meu cabelo,
inalando profundamente enquanto ele gentilmente acaricia minhas costas. Não
sei quanto tempo ficamos assim, mas depois de um tempo eu quebro o silêncio
confortável entre nós.

"Qual foi o maior período que você ficou sem ver Dr. Flynn?"

"Duas semanas. Por quê? Você tem um desejo incontrolável de me fazer
cócegas?"

"Não." Eu rio. "Acho que ele te ajuda."

Christian bufa. "Ele deveria, eu lhe pago o bastante." Ele puxa meu cabelo
suavemente, virando meu rosto para olhar para ele. Eu ergo minha cabeça e
encontro seu olhar.

"Você está preocupado com meu bem-estar, Sra. Grey?", Ele prgunta em voz
baixa.



"Toda boa esposa fica preocupada com o bem-estar do seu amado marido, Sr.
Grey," Eu o repreendo provocadoramente.

"Amado?", Ele sussurra, e esta é uma pergunta mordaz ecoando entre nós.

"Muito, muito amado." Eu me viro para beijá-lo, e ele me dá seu sorriso tímido.

"Você quer ir até a cidade para comer, Sra. Grey?"

"Eu quero comer em qualquer lugar que te deixe feliz."

"Bom". Ele sorri. "À bordo, é onde eu posso mantê-la segura. Obrigado por
meu presente. "Ele chega mais perto e pega a câmera e, segurando-a à
distância do comprimento de seu braço, ele tira uma foto de nós dois em nosso
pós-cócegas, pós-coito, pós-abraço confessional.

"O prazer é todo meu", eu sorrio e seus olhos se iluminam.

Nós caminhamos pelo opulento e dourado esplendor do Palácio de Versalhes,
que é do século XVIII. Tendo sido um humilde pavilhão de caça, foi
transformado pela Roi Soleil em um magnífico, pródigo e poderoso lugar, mas
antes mesmo do século XVIII terminar, passaram por ali os últimos destes
monarcas absolutos.

A sala mais impressionante é de longe o Salão dos Espelhos. A luz do início da
tarde passa através das janelas na direção oeste, iluminando os espelhos que
revestem a parede leste, bem como a decoração de folhas douradas e os
enormes lustres de cristal. É de tirar o fôlego.

"Interessante ver no que pode se transformar um megalomaníaco despótico
que se isola em tal esplendor", murmuro para Christian enquanto ele está ao
meu lado. Ele olha para baixo e inclina a cabeça para um lado, me olhando
com humor.

"E qual é a moral da história, Sra. Grey?"

"Oh, apenas uma observação, Sr. Grey." Eu aceno levemente minha mão pelos
arredores. Sorrindo, ele me segue para o centro da sala onde eu paro e fico
maravilhada com a vista –
os espetaculares jardins refletidos no espelho e um
espetacular Christian Grey, meu marido, refletido atrás de mim, seu olhar
brilhante e arrojado.

"Gostaria de construir isso para você", ele sussurra. "Só para ver a forma como
a luz brilha em seu cabelo, bem aqui, agora." Ele enfia uma mexa de cabelo
atrás da minha orelha.

"Você parece um anjo." Ele me beija logo abaixo da minha orelha, toma minha
mão na sua, e murmura, "Nós, os déspotas fazemos tudo isso para as
mulheres que amamos." Eu coro com seu elogio, sorrindo timidamente, e o
sigo através da enorme sala.



"O que você está pensando?" Christian pergunta baixinho, tomando um gole de
seu café, depois do jantar.

"Versalhes".
"Ostensivo, não é?" Ele sorri. Olho em volta para a subestimada grandeza da
sala de jantar do Fair Lady e aperto meus lábios.


"Isto não é ostensivo", diz Christian, um pouco em defensiva.
"Eu sei. É lindo. A melhor lua de mel que uma mulher poderia querer."
"Sério?", Diz ele, genuinamente surpreso. E ele dá um sorriso tímido.
"Claro que é."
"Nós só temos mais dois dias. Há algo que você gostaria de ver ou fazer?"
"Apenas ficar com você", murmuro. Ele se levanta da mesa, dá a volta, e me


beija na testa.


"Bem, você pode ficar sem mim por cerca de uma hora? Preciso verificar meus
e-mails, descobrir o que está acontecendo em casa."
"Claro", eu digo alegremente, tentando esconder a minha decepção por ter de

ficar sem ele por uma hora. É estranho querer estar com ele o tempo todo?
Meu subconsciente pressiona os lábios em uma linha estreita e pouco atraente
e acena vigorosamente.

"Obrigado pela câmera", ele murmura e se dirige para o escritório.
De volta à nossa cabine decido ver meus e-mails e abro meu laptop. Há
mensagens da minha mãe e de Kate, contando-me as últimas fofocas de casa

e perguntando como a lua de mel está indo. Bem, ótima, até alguém decidir
tacar fogo no GEH Inc...
Enquanto termino uma resposta para minha mãe, um e-mail de Kate chega na

minha caixa de entrada.

De: Katherine L. Kavanagh
Data: 17 agosto, 2011 11:45 PST
Para: Anastasia Cinza
Assunto: OMG!!

Ana, acabei de saber sobre o incêndio no escritório de Christian.
Você acha que o incêndio foi proposital?

K xox



Kate está online! Eu salto sobre meu recém descoberto brinquedo – o Skype
está enviando uma mensagem – e vejo que ela está disponível. Eu
rapidamente digito uma mensagem.

ANA: Ei, você esta aí?

KATE: SIM, Ana como você está? Como está a lua de mel? Você viu meu email?
Christian sabe sobre o incêndio?

ANA: Eu estou bem, a lua de mel está ótima. Sim, eu vi seu e-mail. Sim,

Christian sabe.

KATE: Achei que ele soubesse. O noticiário é impreciso sobre o que

aconteceu. E Elliot não vai me contar nada.
ANA: Você está tentando colher algo para uma história?
KATE: Você me conhece muito bem.
ANA: Christian não me disse muito.
KATE: Foi Grace quem contou ao Elliot.
ANA: como estão Elliot e Ethan?
KATE: Ethan foi aceito para fazer seu mestrado de psicologia em Seatlle. Elliot


é adorável.
ANA: Muito bom, Ethan.
KATE: Como está o nosso ex-dominador favorito?
ANA: KATE!
KATE: O quê?
ANA: Você sabe o quê!
KATE: Ok. Desculpe.


ANA: Ele está bem. Mais do que bem .

KATE: Bem, se você estiver feliz, eu estou feliz.
ANA: Estou muito feliz.

KATE: .Tenho que ir. Podemos conversar mais tarde?



ANA: Não sei. Veja se estarei on-line. Fusos horários são uma droga!

KATE: São mesmo. Te amo, Ana!

ANA: Também amo você, até mais.

KATE: Até.

Ah, não –
tenho certeza que Christian não vai querer essa história rolando por
toda Seattle. Me esforço em minha patenteada técnica de distrair a tenaz
Kavanagh.

Confio em Kate para descobrir algo sobre essa história. Reviro os olhos e fecho

o Skype antes que Christian veja a conversa. Ele não gostaria do comentário
sobre ex-Dom, e eu não tenho certeza que ele é totalmente ex...
Suspiro alto. Kate sabe de tudo, desde uma noite em que nos embriagamos
três semanas antes do casamento, quando eu finalmente sucumbi à inquisição
Kavanagh. Foi um alívio finalmente falar com alguém.

Olho para meu relógio. Já se passou cerca de uma hora desde o jantar, e estou
sentindo falta do meu marido. Volto ao convés para ver se ele terminou seu
trabalho.

Estou no Salão dos Espelhos e Christian está de pé ao meu lado, sorrindo para
mim com amor e carinho. Você parece um anjo. Eu sorrio largamente de volta
para ele, mas quando olho para o espelho, estou em pé sozinha e o quarto é
cinza e sem graça. Não! Minha cabeça se volta para seu rosto, para encontrar
seu sorriso que está triste e melancólico. Ele enfia meu cabelo atrás da minha
orelha. Então ele se vira e vai embora lentamente sem palavras, o som dos
seus passos ecoando para longe dos espelhos enquanto ele caminha pela sala
enorme em direção às duplas e ornamentadas portas ao final... um homem
sozinho, um homem sem reflexo... e eu acordo, me faltando o ar, enquanto o
pânico se apodera de mim.

"Ei", ele sussurra ao meu lado na escuridão, a voz cheia de preocupação.

Oh, ele está aqui. Ele está seguro. O alívio me percorre.

"Oh, Christian," eu murmuro, tentando deixar o meu forte batimento cardíaco
sob controle. Ele me envolve em seus braços, e só então percebo que lágrimas
estão escorrendo pelo meu rosto.

"Ana, o que foi?" Acaricia meu rosto, enxugando minhas lágrimas, e eu posso
ouvir sua angústia.

"Nada. Um pesadelo bobo."



Ele beija minha testa e minhas bochechas molhadas, confortando-me. "Foi
apenas um sonho ruim, bebê", ele murmura. "Estou aqui. Você está segura."
Mergulhando em seu cheiro, eu me enrolo em volta dele, tentando ignorar a
perda e devastação que senti em meu sonho, e nesse momento, eu sei que o
meu medo mais profundo e sombrio seria perdê-lo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário